segunda-feira, 30 de agosto de 2010

“Não Quero Lembrar...que Eu Erro Também...”

É bem possível que a cena mais lembrada do filme “Questão de Honra”, seja aquela em que Jack Nicholson, interrogado por Tom Cruise, esbraveja o já clássico: “You can´t handle the truth!” (Você não pode suportar a verdade!”). O filme é “antigo”, mas a reflexão é boa...

A Few Good Men from JL on Vimeo.                                        Parece que na ficção, especialmente a que atinge o grande público, a “verdade” cumpre o papel de catalizadora de emoções cujo objetivo máximo é guiar o espectador rumo a um desfecho plausível. Algo que seja não apenas compreensível, mas também cartesianamente embutido do conceito de que em algum setor da vida, tudo tem resposta. Lindo.
O faz-de-conta é, muitas vezes, tão ordenado, que a transgressão soa desrespeitosa. As novelas, por exemplo, embasam suas tramas em segredos, que fatalmente serão revelados. Um personagem só se redime diante da submissão e da vergonha pública. Sem via - crucis não há salvação.
Em 99% das vezes, estas questões estão ligadas a moral. (Spoiler Alert!) Em “Sex and The City 2”, por exemplo, um beijo sem consequência vira trama, a medida que o egoísmo disfarçado de remorso, veste seu sapato Manolo Blahnick e diz. “Preciso contar. Não posso mentir”. Pode, sim!!!! Algumas vezes, esconder “A” verdade é a mais significativa das provas de amor... 
Na literatura, a história muda... Em “A Insustentável Leveza do Ser”, Tomas ama Teresa, mas quer ser livre. Já ela, apaixonada, vive “feliz” na culpa que ele, supostamente deveria sentir. Em algum lugar, entre estes dois pontos, habita a verdade dos dois. Tão cheia de camadas, tão incoerente, tão explícita e quanto a própria vida. E neste caos, bom ou ruim, consigo enxergar realidade.
  
Não me entendam, mal. Não faço apologia da mentira, nem recomendo. Mas acredito que pais amorosos não precisam “descobrir” que não geraram seus filhos, no leito de morte. “Você tem que saber?”. Não. Não tem!! Acho que honestidade é antes de tudo uma resolução íntima. Exige tanto auto-conhecimento, auto-crueldade e auto-generosidade, que muitos desistem, no meio do caminho, para expiar seus “erros” através da “culpa” alheia ou de um programa de TV...
É pena, mas o que é ficção sempre termina. Depois, somos apenas eu, você e o mundo. Fui!

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