sábado, 29 de maio de 2010

"Make Your Own Kind of Music..."

Começo com uma confissão: Jack Shephard nunca foi, nem de longe, meu personagem favorito em Lost. Desmond, Saywer, Ben e Locke corriam milhas a frente como (in) certezas diante de tudo. Foram necessários anos de encontros e desencontros para que no fim, com os olhos fechados, várias verdades veladas se confirmassem com a simplicidade e a paz que só as constatações mais íntimas conseguem.
Em 2004, Jack embarcava no Oceanic 815, levando o corpo do pai. No mesmo ano, em fevereiro, entrava eu num carro funerário levando o corpo do meu. Não havia flashbacks, monstro de fumaça ou ursos polares, havia sim, uma missão e certamente, destroços disfarçados de calma e aceitação.


Nas temporadas seguintes, enquanto “eles”... meus “outros” aprendiam sobre sacrifício e redenção, corria eu em busca de uma nova constante. Enquanto Jack tentava salvar um mundo sobre o qual não havia controle, seguia eu a responsabilidade, aceita desde cedo, de cuidar racional e sensatamente do meu.
E assim foi: Parti, amei, voltei, ri, perdi, mudei e permaneci. Como um náufrago, que se agarra ao bote, e procura pelo resgate do que ficou e do que ainda está por vir.
E eis que chega 2010. Na mesma semana do finale, tal qual a colisão de coincidências dos “bad numbers”, presencio a exumação dos ossos do meu avô. Episódio tão revelador da condição humana que me recuso a acreditar na total ausência de destino.No encontro do meu flashsideway com o de Jack, vejo vida, morte e certamente: renascimento. Olho no espelho e entendo parte da princípio. Porque em se tratando de Lost ou da própria vida, um fim é só o começo. E eu espero estar apenas recomeçando. 
See you in another post, brotha!