segunda-feira, 21 de junho de 2010

"Da Primeira Vez Era a Cidade...Da Segunda o Cais a Eternidade..."

Por cerca de dez anos morei no Rio de Janeiro. Ao sair, deixei um apartamento mobiliado intacto e impregnado de mim mesma. Ao organizar a mudança, encaixotei também meus objetos pessoais pensando que afinal, tudo podia ser reconstruído, desde que a sua coleção de livros, cds, dvds e hum...brinquedos estivessem com você.
Não era verdade. Não inteiramente.
Enquanto hoje, só se fala em “Toy Story 3”, acabo de ver “Up - Altas Aventuras”. Clássico que por algum lapso sem noção, havia se perdido na minha interminável lista dos “tem que ver”. 
No filme, um senhor de 78 anos sai em busca da maior aventura “não vivida” por ele e sua esposa. Carrega literalmente, uma casa de lembranças pelo caminho. Do alto da subjetividade, lembrei das minhas, claro. De ver o caminhão chegando em São Paulo com minhas coisas: as mesmas que mesmo aumentando aqui e ali, me acompanharam vida afora, por cada endereço. Deixei a casa, é verdade, mas não a necessidade de simbolizar os sentimentos por vias semelhantes. Como ele, precisei sair da “zona de conforto” pra ver que não são os objetos que nos carregam, mas sim a soma dos “momentos de tédio” compartilhados. Coisas como a revista comprada na banca de sempre, um caminhar de mãos dadas, uma vida surgindo ou mesmo a luz na janela que “pinta” um novo “Pão de açucar” a cada manhã. 
Assim como o velhinho de “Up”, vi que as mudanças mais significativas acontecem de dentro pra fora, que as pessoas são o que há de melhor pra se levar na bagagem e que o cotidiano é, no fim das contas, a maior e mais imprevisível aventura. 
Obrigada Pixar. 

sábado, 12 de junho de 2010

“When the Night Has Come and the Land is Dark…”

É fato que desde sempre os homens têm se organizado em bandos. 
Até aí, novidade nenhuma. A questão, desde minha última madrugada, assistindo a “Entourage” e "Mad Men", tem mais a ver com os “comos” e os “porquês”. Aceitação, interesses comuns, discursos parecidos, estresses compartilhados. É pode ser...mas envolve também a busca pela identidade, por uma voz, pelo nobre instinto de preservação das memórias e pelas não menos nobres “tirações de sarro”, partes integrantes da memorabília dos “micos” nossos de cada dia. É possível, ainda, que tudo diga respeito a uma única coisa : a sensação de pertencer.
As relações, sejam de coleguismo, amizade, vizinhança e mesmo as amorosas (que dia é hoje mesmo?) passam por esse sentimento. Pela necessidade de que alguém (s) não só testemunhe, como seja afetado pela nossa existência. “A felicidade não se compra” diz alguma coisa?
Assistindo a “Entourage” e “Mad Men”, lembrei do meu próprio “Rat Pack”. Das noites de telefonemas sem fim, dos cafés pós trabalho, dos segredos...(quê?), dos momentos “sem-noção” e no “conta comigo” implícito em cada “tudo bem?”. Pensei nos relacionamentos, com dois ou mais integrantes, e na necessidade de compartilhar para sobreviver. Quer saber? Prefiro, por hora, deixar os “comos” e “porquês” de lado. Prefiro esquecer que Don Draper praticamente "inventou" o modo como as pessoas se relacionam com o mundo. Prefiro ficar com a simples conclusão de que tudo isso talvez tenha a ver com o bom e velho “ser amado no matter what”. Alguém duvida? Ari Gold não vale. 



sábado, 5 de junho de 2010

“Tempo, tempo, tempo, mano velho...”

Há muito tempo, numa galáxia muito, muito distante, eu não twittava, não ouvia podcast, nem baixava séries no computador...Eram tempos de objetivos pragmáticos e plausíveis: Aprender a dirigir, ter uma locadora de VHS, casar com o Harrison Ford e ser astronauta geofísica.
Enquanto não era logísticamente viável, crescia eu pintando as paredes de casa, montando meus quebra-cabeças, escalando montanhas de sacarias nos fundos de uma fábrica têxtil e tomando o conteúdo de todas as mini-garrafinhas de Coca-Cola que existissem por perto. 
Tudo aconteceu quando Cazuza e Renato Russo ainda andavam por aí...Quando ver “Star Wars” e “Indiana Jones” na sessão da tarde não era “guilty pleasure” e quando “geek” era conhecido como “nerd” mesmo. Aconteceu quando tudo era possível, porque o tempo corria lento e toda enquete que perguntasse “que idade você gostaria de ter?”, conteria, com raríssimas exceções, a inevitável resposta: Adulto.
Eu era excessão. Sempre fui feliz com o tempo que me cabia.
Hoje penso nisso, sabendo que sou  eu quem vive para caber nele e que desde sempre, cada minuto importa. Deve ser essa a razão que me fez fixar moradia, como muitos, nessa aparente simultâneidade de tudo. "Twitto" para não pintar as paredes, "facebooko" e "skypo" para manter os amigos por perto. "Downloado" pra fazer minha sessão da tarde “passar” a meia noite, e corro atrás de cada segundo, não pela nostalgia de minhas “quase-memórias”, mas para encontrar na web, na rua da frente, ou na cozinha aqui de casa, pessoas que compartilhem seus momentos com a consciência de graça e unidade que só a passagem do tempo concede a todos nós. Tic-tac-tic-tac.

Em tempo:
a)   1. Nunca tirei carteira de motorista. Ia ler quando?
b)   2. O mais próximo que tenho de uma locadora de VHS, é a estante de DVDs.
c)   3. Harrison Ford? Bem...digamos que eu tenha me atualizado. 
 4    4. Astronauta? Tenho vertigem de altura. hhaha

No fim das contas, acabei mesmo numa faculdade de cinema, o que excetuando alguns detalhes técnicos, é mais ou menos a soma dessas alternativas. Não é não? 
Ok, não responda.