Enquanto não era logísticamente viável, crescia eu pintando as paredes de casa, montando meus quebra-cabeças, escalando montanhas de sacarias nos fundos de uma fábrica têxtil e tomando o conteúdo de todas as mini-garrafinhas de Coca-Cola que existissem por perto.
Tudo aconteceu quando Cazuza e Renato Russo ainda andavam por aí...Quando ver “Star Wars” e “Indiana Jones” na sessão da tarde não era “guilty pleasure” e quando “geek” era conhecido como “nerd” mesmo. Aconteceu quando tudo era possível, porque o tempo corria lento e toda enquete que perguntasse “que idade você gostaria de ter?”, conteria, com raríssimas exceções, a inevitável resposta: Adulto.

Eu era excessão. Sempre fui feliz com o tempo que me cabia.
Hoje penso nisso, sabendo que sou eu quem vive para caber nele e que desde sempre, cada minuto importa. Deve ser essa a razão que me fez fixar moradia, como muitos, nessa aparente simultâneidade de tudo. "Twitto" para não pintar as paredes, "facebooko" e "skypo" para manter os amigos por perto. "Downloado" pra fazer minha sessão da tarde “passar” a meia noite, e corro atrás de cada segundo, não pela nostalgia de minhas “quase-memórias”, mas para encontrar na web, na rua da frente, ou na cozinha aqui de casa, pessoas que compartilhem seus momentos com a consciência de graça e unidade que só a passagem do tempo concede a todos nós. Tic-tac-tic-tac.
Em tempo:
a) 1. Nunca tirei carteira de motorista. Ia ler quando?
b) 2. O mais próximo que tenho de uma locadora de VHS, é a estante de DVDs.
c) 3. Harrison Ford? Bem...digamos que eu tenha me atualizado.
4 4. Astronauta? Tenho vertigem de altura. hhaha
No fim das contas, acabei mesmo numa faculdade de cinema, o que excetuando alguns detalhes técnicos, é mais ou menos a soma dessas alternativas. Não é não?
Ok, não responda.
Lembrar o tic tac do tempo pragmático é doloroso pra mim! É que às vezes é difícil entender que não foi possível ter a locadora de VHS e que o homem "da sua vida" estava bem longe de ser o Harrison Ford (ou o Sawyer), como preferir... hehehe
ResponderExcluirPor outro lado, estamos sempre flutuando como astronautas da vida. Criando novas lojas dos sonhos, novos homens dos sonhos e vivendo intensamente cada cena, cada take, cada frame! Vixe... já escrevi demais e o tempo não pára! Lindo texto Dô!
CORTA!
É, amiga... às vezes não precisa nem de alguns anos pro tempo passar. Ele passa num frame. Tudo o que vc precisa é de um acontecimento inesperado que divida sua vida entre o antes e o depois. Tanta coisa acontecendo, e uma coisa não muda: eu e minha irmã Dodo, sentadas lado a lado, na alegria e na tristeza. E se isso continua, o resto pode mudar que eu to tranquila. Lindo blog! Lindo demais! Beijo enorme.Cebola.
ResponderExcluirHaha! Também troco o Harrison (com o Michael J. Fox de brinde - pasme!) pelo Sawyer! E posso levar o Eric junto?
ResponderExcluirSaudade de Dô!