sábado, 5 de junho de 2010

“Tempo, tempo, tempo, mano velho...”

Há muito tempo, numa galáxia muito, muito distante, eu não twittava, não ouvia podcast, nem baixava séries no computador...Eram tempos de objetivos pragmáticos e plausíveis: Aprender a dirigir, ter uma locadora de VHS, casar com o Harrison Ford e ser astronauta geofísica.
Enquanto não era logísticamente viável, crescia eu pintando as paredes de casa, montando meus quebra-cabeças, escalando montanhas de sacarias nos fundos de uma fábrica têxtil e tomando o conteúdo de todas as mini-garrafinhas de Coca-Cola que existissem por perto. 
Tudo aconteceu quando Cazuza e Renato Russo ainda andavam por aí...Quando ver “Star Wars” e “Indiana Jones” na sessão da tarde não era “guilty pleasure” e quando “geek” era conhecido como “nerd” mesmo. Aconteceu quando tudo era possível, porque o tempo corria lento e toda enquete que perguntasse “que idade você gostaria de ter?”, conteria, com raríssimas exceções, a inevitável resposta: Adulto.
Eu era excessão. Sempre fui feliz com o tempo que me cabia.
Hoje penso nisso, sabendo que sou  eu quem vive para caber nele e que desde sempre, cada minuto importa. Deve ser essa a razão que me fez fixar moradia, como muitos, nessa aparente simultâneidade de tudo. "Twitto" para não pintar as paredes, "facebooko" e "skypo" para manter os amigos por perto. "Downloado" pra fazer minha sessão da tarde “passar” a meia noite, e corro atrás de cada segundo, não pela nostalgia de minhas “quase-memórias”, mas para encontrar na web, na rua da frente, ou na cozinha aqui de casa, pessoas que compartilhem seus momentos com a consciência de graça e unidade que só a passagem do tempo concede a todos nós. Tic-tac-tic-tac.

Em tempo:
a)   1. Nunca tirei carteira de motorista. Ia ler quando?
b)   2. O mais próximo que tenho de uma locadora de VHS, é a estante de DVDs.
c)   3. Harrison Ford? Bem...digamos que eu tenha me atualizado. 
 4    4. Astronauta? Tenho vertigem de altura. hhaha

No fim das contas, acabei mesmo numa faculdade de cinema, o que excetuando alguns detalhes técnicos, é mais ou menos a soma dessas alternativas. Não é não? 
Ok, não responda.  


3 comentários:

  1. Lembrar o tic tac do tempo pragmático é doloroso pra mim! É que às vezes é difícil entender que não foi possível ter a locadora de VHS e que o homem "da sua vida" estava bem longe de ser o Harrison Ford (ou o Sawyer), como preferir... hehehe
    Por outro lado, estamos sempre flutuando como astronautas da vida. Criando novas lojas dos sonhos, novos homens dos sonhos e vivendo intensamente cada cena, cada take, cada frame! Vixe... já escrevi demais e o tempo não pára! Lindo texto Dô!
    CORTA!

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  2. É, amiga... às vezes não precisa nem de alguns anos pro tempo passar. Ele passa num frame. Tudo o que vc precisa é de um acontecimento inesperado que divida sua vida entre o antes e o depois. Tanta coisa acontecendo, e uma coisa não muda: eu e minha irmã Dodo, sentadas lado a lado, na alegria e na tristeza. E se isso continua, o resto pode mudar que eu to tranquila. Lindo blog! Lindo demais! Beijo enorme.Cebola.

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  3. Haha! Também troco o Harrison (com o Michael J. Fox de brinde - pasme!) pelo Sawyer! E posso levar o Eric junto?

    Saudade de Dô!

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