domingo, 3 de outubro de 2010

"Vai Ficar Legal, Pagode na Cohab, no Maior Astral..."

Em 1999, Tracy Flick, também conhecida como Reese Whiterspoon, lutava com unhas, dentes e nenhum senso de ética, pela presidência do conselho estudantil. O filme era "A Eleição" e, sem medo algum da obviedade, me utilizo dele para falar da tal “festa da democracia” que todos vivemos neste dia 3.
No roteiro de Alexander Payne, Tracy é a aluna exemplar que, sem escrúpulos, tenta exterminar moralmente toda forma de vida que possa atrapalhar sua escalada ao “poder”, principalmente se vier do professor vivido por Mathew Broderick.

Tracy não é só a garotinha linda e ambiciosa concorrendo a um cargo sem importância. Ela é a essência caricaturada de um processo que se diz tão democrático, mas que na verdade, falando em Brasil, se mostra tão charge de si mesmo. Os defeitos, os problemas e as qualidades são mostrados com lentes de aumento em todos os meios mas, infelizmente, só uma parte da população parece realmente (querer) enxergar.
Nada de proclamar a prepotência de quem vê além, não tenho bola de cristal, nem vidência, mas tenho opinião e fico bem triste em ver que a hipocrisia deste populismo "xinfrim" continua e continuará a “roubar” consensualmete tanto da dignidade humana do meu país.
Na celebração da democracia, todos são obrigados a votar. Nesta comemoração da civilidade, muitos estão compromissados com a perpetuação do comodismo. Neste dia de cidade limpa, boca de urna extinta e eleitores sóbrios, a maioria, segundo as pesquisas, vota para presidente, numa mulher que nunca foi eleita para um cargo público, num ex-cantor que deve transformar a data da ata no senado num “dia de princesa” e num “abestalhado” que só vai descobrir o que é ser deputado federal quando sentar na cadeira de um.
Eu sei...isso não deveria me surpreender, mas surpreende porque enquanto alguns ousam chamar isso de voto de protesto, eu chamo de ignorância e desleixo.
Assim como na eleição do filme, na vida real brasileira o que conta mais são valores como aparência, popularidade, demagogia e tiração de sarro com as instituições públicas.
O que a maioria que tem poder eletivo não quer ver, é que neste enredo não é o Tiririca que vai rir da cara da câmara dos deputados. Nesta história, infelizmente, nós é que seremos os palhaços.
O bom do filme é que, independente da ironia do final, ele dura apenas umas duas horas. E na boa, quatro anos é tempo demais.  

Um comentário:

  1. Surreal!!! E o pior ainda é a galera que ele puxa com ele. E o povo chama isso de voto de protesto como se fossem um bando de politizados... na boa, se fosse filme não sei se seria um drama ou uma comédia pastelão... SURREAL!!!!

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